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terça-feira, 17 de julho de 2012

De Apelidos

Delicioso o texto do Daniel Jr. sobre os seus apelidos de infância e adolescência. Claro que também me lembrei dos meus, lá na “aurora da minha vida, de minha infância querida, que os anos não trazem mais”. Eram pelo menos três e me tiravam do sério. Frágil, reagia furioso, na base da pedrada. E nisso eu era bom! “Caburé”, um passarinho que vivia às margens do riacho, lá na fazenda, eu ainda tolerava mas “Antônio Biscoito” e “Pescoçudo”,  se faziam a delícia da irmandade, me devastavam. Vezes sem conta me via perante o espelho, conferindo o pescoço que, de fato, me parecia desproporcional ao restante do corpo. Um sofrimento! Já “Antônio Biscoito”, dizia respeito a um senhor alto, magro, de cor parda/escura, inimigo não declarado de banhos, com aquele cheirinho bem característico. Vivia num casebre, às margens do Rio Guavinipan. Ser comparado ao  “Antônio Biscoito” era a suprema humilhação. Logo eu, que toda tardinha tomava o meu banho gelado, nas águas cristalinas do córrego Santo Antônio! Bullying, prática a ser brevemente criminalizada, é o nome que dão hoje a esse tipo de tortura moral.
A missionária e escritora Rosallee Appleby, ícone dos batistas nacionais e, de fato, uma santa mulher, tinha  aversão a  apelidos. Nem tanto ao mar nem tanto à praia. Há apelidos e apelidos. Nada mais doce que chamar de Déia a minha doce mulher. Se, no entanto, depreciam, escracham e constragem, os apelidos se tornam pecaminosos e devem ser de todo evitados. Não é o caso do Dani(Daniel Jr.), que assimilou bem os seus e, nostálgico, deles faz menção  com graça e carinho.

Vamos ao texto do Dani:


Domingos, Miguel, Miguelão, Miguelaço

Acordei inspirado a falar do passado, mais precisamente dos apelidos que têm me seguido desde a adolescência. Nada contra quem nasceu Miguel ou Domingos, mas eu nasci Daniel, nome com jeito de realeza, afinal o daniel bíblico era um príncipe. Após todos estes anos sofrendo o desaforo deste rebaixamento a miguel e domingos, me senti no dever de explicar como o aviltamento foi, paulatinamente, se tornando verdade, pra não dizer pesadelo.

Início dos anos 80. Eu, um adolescente por volta dos 13 ou 14 anos. Tenra idade que Dani e Gute já deixaram prá trás, e, logo, chegará a vez do Gabriel. Aí que frio na barriga sempre que olho pra trás e vejo como esta vida é fugaz! É por isto que o pregador do Eclesiastes escreveu que tudo nesta vida é vaidade.

Vaidade no hebraico é hãvel, que significa além de sopro, vapor, bolha, qualquer coisa invisível que logo desaparece. Esta idéia de não ter substância real aplica-se aos ídolos (Jeremias 51.18) e aos que o adoram (Isaias 44.9). Igualmente são as proclamações dos falsos profetas (Ezequiel 13.1-23) e até as melhores virtudes humanas quando comparadas com a retidão de Deus e a Sua Palavra (Salmo 39.5; 62.9).

Bem, voltando às vacas frias, no início da adolescência eu formava uma espécie de quarteto fantástico com mais três amigos: Rovilson César Passos, Davidson Vieira Barbosa e José do Carmo Felipe Rosa, vulgo Zezé.

Éramos inseparáveis. Em casa, na rua (trabalho, nem pensar), na igreja, nas brincadeiras e nos intermináveis papos furados de adolescente. Tempinho bom aquele! Como pôde passar? Por negligência, afastamo-nos completamente uns dos outros como se nunca tivéssemos estado juntos. Lição para os mais novos: cuidem das amizades! Não deixem que faculdade, trabalho, namoro etc sirvam de pretexto para deixar evaporar relacionamentos que um dia foram importantes pra vocês.

Pois bem, modéstia à parte, eu tinha a fama de atrair a atenção das garotas, e o Rovilson começou a me chamar de Daniel das girls que soava como “daniél das guéus”. Com o tempo, o Zezé resolveu avacalhar, me chamando de Daminguel. Daí pra frente foi um pulo para ocorrer novas derivações. Aqueles que não entendiam bem o contexto das piadinhas do “quarteto fantástico”, achavam que daminguel era a soma de domingos e miguel. Assim, alguns assumiram que eu era Domingos, e outros, Miguel. Houve mais sofisticação, é claro. Á época, havia um comercial de pneus que dizia “é mais que pneu, é pneu com aço, é pneuaço”, e a brincadeira foi: “é mais que miguel, é miguel com aço, é miguelaço”. Manelzinho até hoje me chama de Miguelaço! Quanto ao domingos, quem parece ter gostado mais da alcunha e se tornado grande promotor dela foi o Matias.

Enfim, caminhando para os 50 anos, não podia deixar de compartilhar ao menos com minha família o histórico desta esculhambação que me persegue até hoje quando piso em terras mineiras.

Bjs,

Dani

Um comentário:

  1. Nossa! Se soubesse que o texto cairia na rede tinha caprichado mais no purtuguês.

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