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domingo, 26 de maio de 2013

De como falar e cantar em línguas



A propósito do vídeo: “Curso de como falar e cantar em línguas estranhas”

Assisti, constrangido, a dois vídeos envolvendo o dom de línguas, publicados no Facebook. No primeiro, um ladrão, preso em delegacia, responde, em “línguas”, a perguntas que lhe são feitas.Tipo simplório e mente tumultuada, certamente habituado à glossolália de cultos barulhentos. O outro, pastor, manipula, a seu belprazer, a ignorância espiritual de uma igreja modelo pentecostal. Povo simples, ausente de conteúdo e que, pouco ou nada sabendo de bíblia e de evangelho, se deixa levar pela manipulação grosseira de um carreirista da fé.

Meu primeiro contacto com o dom de línguas foi na década de 60, no avivamento conhecido como Renovação Espiritual. De início tais manifestações, ainda que recebidas com reservas, inspiravam temor e reverência. Com o passar do tempo, foram se tornando comuns e até inflacionadas. Crentes, sobretudo mulheres, que falavam em línguas e profetizavam, eram incensadas, porque tidas como portadoras de uma espiritualidade superior. Tornou-se comum figuras abastadas levarem a tiracolo, por onde andavam, “profetas” ou “profetisas” que lhes transmitiam, sempre que necessitavam, os “oráculos divinos”.

Falar em línguas e profetizar passou a conferir prestígio e vantagens, sobretudo pecuniárias. Mais rápido que se podia imaginar, o uso dos dons, línguas e profecias em especial, foi perdendo a credibilidade para se tornar motivo de brincadeiras e piadas nas rodinhas de pastores, em seus encontros de corporação. O resultado disso é o que hoje se está vendo: o cinismo, a chacota, envolvendo os sagrados elementos da fé. Ainda recente vi e ouvi um histriônico televangelista tupiniquim, entremeando sua pregação com sons ininteligíveis. Com que finalidade, eu me pergunto? Certamente para impressionar, para aumentar o cacife perante os ouvintes. E nem é preciso ter discernimento para se perceber o show. Basta uma pitada de bom senso, coisa, aliás, escassa, nestes dias de cultos catárticos e massificados.

Dons espirituais, sim, desde que manifestações genuínas do Espírito na vida de quem busque apenas a glória de Deus e a edificação do Corpo de Cristo. O que passar disso é leviandade e exibicionismo, a serviço da glória pessoal e da busca de poder e domínio sobre ouvintes crédulos e abertos à manipulação.

Uma fé lúcida e consciente nos livrará do engano, e nos conduzirá a celebrações ”racionais”, onde sagrado e profano não se misturem.

Ao Único Deus!

DnL

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