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sábado, 12 de abril de 2014

De Paulo Brabo(Bacia das Almas)

"...a Bíblia é de uma ponta à outra, do Gênesis ao Apo­ca­lipse, uma polêmica contra a civilização.
Ao contrário dos livros sagrados e épicos de outras tradições, a Bíblia não reserva uma palavra para louvar a orga­ni­za­ção soci­o­po­lí­tica, as con­quis­tas militares, os avanços tec­no­ló­gi­cos e culturais e a vida urbana.
A obsessão do homem com a civi­li­za­ção e com o progresso é que tem sua validade con­ti­nu­a­mente desafiada pela narrativa bíblica. Deus não entende como os homens podem querer sitiar-se numa cidade quando poderiam cuidar de um jardim; não entende como podem querer amontoar-se num edifício de apar­ta­men­tos quando poderiam espalhar-se pelo mundo falando diversas línguas; não entende como podem querer um rei, quando poderiam colher os frutos dourados da liberdade e da res­pon­sa­bi­li­dade indi­vi­du­ais. Os profetas não entendem como as pessoas podem querer o lucro quando poderiam ter a equidade, querer a pros­pe­ri­dade quando poderiam ter a justiça. Jesus, que não tinha onde reclinar a cabeça, não entende que possam querer ajuntar em celeiros quando poderiam deitar-se ao sol como a erva, que queiram cole­ci­o­nar em sacos sem fundo moedas sem valor quando poderiam no coração empilhar barras sem conta do ouro do amor. E os colonos do Reino no livro de Atos, pon­de­rando essa herança toda, não entendem como homens que não têm nada a perder podem continuar querendo a pro­pri­e­dade, quando podem ter tudo em comum".

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